TELMA MONTEIRO: "ERA IMPOSSÍVEL ESTARMOS FOCADOS NOS JOGOS"
A judoca do Benfica Telma Monteiro, em entrevista à BTV, expôs a sua opinião face ao adiamento dos Jogos Olímpicos, contou como tem sido esta fase de recolhimento e ainda deixou vários conselhos a todos os portugueses no combate ao vírus COVID-19.
Concorda com a decisão do adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020 para 2021?
Para mim, foi a melhor opção. Era algo que já era esperado e, sinceramente, também desejado pelos atletas. Não só porque a preparação não estava a ser a ideal, mas em termos de apuramento olímpico não estaria a ser justo para os atletas que ainda precisam de se qualificar. Mas acima de tudo porque agora é um momento em que temos de pensar em combater o vírus e fazer a nossa parte da melhor forma para que esta situação acabe. Era impossível estarmos focados nos Jogos Olímpicos com esta situação a decorrer. Foi a melhor opção.
Isto dá-lhe mais tranquilidade para treinar e trabalhar?
Também, porque era pior estarmos com a expectativa se iria acontecer ou não. Faltava relativamente pouco tempo, quatro meses, e assim, sabendo que é no próximo ano, ainda que não haja uma data exata, podemos estar mais tranquilos a treinar. É difícil para um atleta treinar sem ter um objetivo próximo ou definido, porque estamos habituados à competição, mas penso que isso foi o mais complicado nos primeiros dias, agora está a ser mais fácil de gerir.

O prazo máximo da realização dos Jogos Olímpicos é um ano, até ao próximo verão. Concorda?
Concordo. Penso que até lá haverá a possibilidade de se conseguir combater este vírus, e outros atletas poderão ter um apuramento olímpico justo. É a situação ideal para todos. Um ano é muito tempo, muita coisa pode acontecer, mas, dadas as circunstâncias, foi a decisão ideal.
Antes de tudo isto já tinha dito que estes seriam os seus últimos Jogos. Depois do que tem acontecido, confirma essa decisão?
Independentemente de ter havido uma alteração, tendo em conta o meu percurso e os meus objetivos, estes Jogos seriam sempre os últimos da minha carreira. Mas ainda há muitos desafios para cumprir sem ser os Jogos Olímpicos. Estou tranquila e continuo motivada.
O que vier será sempre especial nesta fase?
Sim. Eu sempre treinei e competi sem dar nada por garantido. Em todas as competições, sempre quis aproveitar ao máximo, e continuo com a mesma mentalidade. Não penso se serão os últimos Jogos, tenho de dar sempre o máximo em cada competição e é isso que vou continuar a fazer naturalmente.

Como é que tem decorrido este recolhimento?
Já estava em quarentena voluntária antes de ser decretado estado de emergência. Agora estou numa casa com um grupo muito restrito de atletas. Optámos por fazer a quarentena obrigatória juntos, pois assim podemos ter alguma qualidade de treino, e montámos um ginásio improvisado. Temos tentado fazer a nossa parte, que é cumprir todas as normas, ficar em casa e esperar que as coisas melhorem. Infelizmente sentimos que o que fazemos é pouco, tendo em conta as pessoas que estão na linha da frente. O que fazemos é pouco, mas é muito importante. Tenho consciência da gravidade, mas, se todos fizermos o nosso papel, as coisas vão melhorar.
Que conselhos gostaria de partilhar?
Temos de nos focar naquele que é o nosso papel: ficar em casa, termos cuidado. É difícil, mas, se acharmos que é aborrecido, temos de pensar nas pessoas que saem, que correm esse risco, que estão nos hospitais, que estão na linha da frente. Comparando, a nossa tarefa é fácil. É fácil ficar em casa, é tempo de refletirmos, de aproveitarmos o tempo com as pessoas de que mais gostamos, tempo de as famílias estarem juntas, tempo para fazermos e aprendermos coisas novas. Temos de pensar realmente nas pessoas que todos os dias correm riscos por nós.
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