LUÍS CASTRO: "TEMOS ALI JOGADORES PARA O FUTURO DO BENFICA"

Em 2019/20 os balanços fazem-se mais cedo. Com a época dos Sub-23 do Benfica cancelada, Luís Castro conta, em entrevista à BTV, como foi lidar com esta fase abrupta e de "reestruturação" nos primeiros meses ao leme da equipa, onde, garante, "há jogadores com talento para chegar à equipa A".

Qual foi o maior desafio que encontrou no Benfica?

Os jogadores são muito novos, o nível de experiência é muito grande em termos de jogos e tudo o mais, mas depois têm aquela irreverência da juventude. É tentar equilibrar o grupo e os jogos, de forma a podermos competir sempre para vencer. Outro desafio foi o de passar a estar integrado numa estrutura como a do Benfica, que é uma estrutura de uma dimensão muito grande, e adaptar-me principalmente ao Clube. A parte mais importante foi, para mim e para quem trabalha num projeto como o do Benfica, quando alguns dos nossos jogadores se estrearam pela Equipa B, porque esse era o nosso objetivo principal. Foi sempre um objetivo traçado por nós: conseguir que alguns dos nossos jogadores tivessem capacidade de evolução para poderem chegar lá. Também é importantíssimo termos um espaço que permitiu a alguns dos jogadores que estavam nos Sub-19 fazerem jogos connosco, inclusive alguns deles jogarem a titulares por nós. Em termos competitivos, todos os jogos são muito difíceis, de altíssimo nível, porque a diferença de idades é alguma, então, para conseguirmos esbater essa diferença, só através de algum trabalho. Muito talento nós temos, depois é ajustar isso com trabalho. Em termos competitivos, estava a ser uma época boa porque estávamos a três pontos do primeiro classificado.

"CHEGUEI A UM SÍTIO ONDE TINHA MUITO SUPORTE"

Como correu essa adaptação à equipa?

A adaptação foi fácil. Em primeiro lugar porque a equipa técnica do Jorge [Maciel] manteve-se toda no Benfica, ou seja, quando entrei tinha o suporte de várias pessoas que já conheciam o grupo, o Benfica, tudo; depois, o Benfica é um clube muito organizado. Quando se entra numa estrutura em que cada coisa está no seu lugar, é mais fácil de se perceber onde podemos pisar, onde temos de andar, quais os caminhos que temos de seguir. O Benfica reúne regulamente com os treinadores, e isso também me ajudou a adaptar-me ao estilo de jogo do Clube. Os outros treinadores e o diretor-técnico facilitaram-me a vida, tanto nas reuniões como em conversas particulares. Cheguei a um sítio onde tinha muito suporte.

Quais eram os objetivos pedidos aos Sub-23?

Formar para a Equipa A. O objetivo principal era esse. Esta equipa permite-nos ter jogadores muito novos a jogar contra jogadores seniores. Temos jogos em que jogamos com grupos que são a segunda equipa dos clubes, jogadores que estão na equipa principal a jogar contra os nossos miúdos, que têm 17/18 anos. Isso faz com que esta liga [Liga Revelação] seja muito interessante e importante para nós, para o projeto Benfica. Dos Sub-19 para os Sub-23 há realmente alguma diferença no patamar, principalmente pela diferença de idades e porque é um campeonato que permite jogar com alguns jogadores acima da idade, e esses jogadores normalmente vêm da Primeira Liga, o que cria uma dificuldade acrescida aos nossos jogadores. Foi isso que me foi pedido: potenciar ao máximo os jogadores, e penso que estávamos a fazer um bom trabalho.

Quando souberam desta interrupção como é que passou a funcionar tudo?

Está à vista de todos que o Benfica foi muito rápido a reagir, as medidas tomadas foram excelentes, tanto que não temos nenhum caso nem nenhuma suspeita em tantas equipas no Clube. Depois, como é evidente, tivemos de nos reestruturar. Foi mais fácil por sermos muito organizados, por termos uma estrutura muito organizada. Isso facilitou-nos, mas, como é evidente, não é igual estar a treinar no Benfica Campus e estar em casa. De qualquer das formas, temos um contacto muito próximo com os jogadores. Todas as semanas, cada elemento do staff tem dois/três jogadores, no máximo, para estar em contacto mais próximo, ter cada um deles mais controlado e sentirem que não estão sós. Os treinos continuaram, dentro das limitações que temos, mas há treinos tanto com videochamada como com planificação de treino individual. Temos tido reuniões semanais de staff, algumas reuniões com jogadores também, e vamos, dentro em breve, partir para reuniões individuais. Temos continuado a trabalhar e temos conseguido reunir e manter tudo a seguir com normalidade dentro das limitações.

"FOI-ME FOI PEDIDO PARA POTENCIAR AO MÁXIMO OS JOGADORES"

Quais foram as maiores dúvidas dos jogadores?

Até há bem pouco tempo, a maior pergunta era se a prova iria reatar e, em caso de reatamento, qual seria o futuro de cada um deles. Perguntam também como é que podem aproximar ao máximo o treino, porque sentem que não é igual.

O que se espera para o futuro?

Penso que temos ali jogadores para o futuro do Benfica, mesmo para a Equipa A. Tenho a certeza absoluta que temos jogadores com talento para chegar à Equipa A do Benfica. Outros, e penso que é o problema dos jovens hoje em dia, têm de aproximar mais o nível do trabalho e da resiliência ao nível do talento que têm. Já falámos sobre isso muitas vezes, que cada vez mais, é a mentalidade que vai definir os próximos talentos e quem chega mais longe.