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EDIÇÃO DE SEXTA-FEIRA, 17 DE MAIO 2024

PEDRO MIL-HOMENS: "O SEGREDO É O TRABALHO DE MUITA GENTE"


Em dia de aniversário do Benfica Campus, Pedro Mil-Homens apontou o trabalho realizado por diversas equipas como o segredo do sucesso.

Entrevistado pela BTV, o diretor-geral do Futebol Formação do Clube ainda recordou alguns dos melhores momentos destes 14 anos...

O trabalho é o segredo para o Benfica Campus conseguir ter a qualidade que tem?

Sem dúvida. O trabalho da formação é essencialmente invisível, não está nas primeiras páginas dos jornais e é um trabalho de paciência. Começa na deteção, na procura de jovens jogadores com qualquer coisa de diferente aos olhos dos observadores, e continua nos Centros de Formação e Treino que o Benfica tem, há vários anos, espalhados pelo país. Depois continua também nos Pupilos do Exército, onde os nossos jogadores mais jovens até aos 12, 13 anos trabalham, e só depois no Benfica Campus, no Seixal, é que acolhemos o produto do trabalho de muita gente. É de facto o trabalho que nos move, não temos nenhuma receita escondida que nos diga como fazer. O segredo é o trabalho de muita gente que começou há muitos anos. Quero mandar os parabéns àqueles que foram os meus antecessores, António Carraça, Manuel Ribeiro, Nené, Armando Jorge Carneiro e Nuno Gomes. Neles envolvo todos aqueles que ao longo dos anos ajudaram a tornar real aquilo que foi um sonho e um grande gosto pela formação que o Presidente Luís Filipe Vieira sempre teve.

Benfica Campus

"É O TRABALHO QUE NOS MOVE, NÃO TEMOS NENHUMA RECEITA QUE NOS DIGA COMO FAZER"

Como se processa a chegada de um jovem?

Por detrás do jovem futebolista não podemos esquecer que está um futuro cidadão, que queremos formar de forma integral. Temos aquilo que chamamos de "Manual de acolhimento e boas práticas", que é um guião que a nossa direção de formação pessoal e social utiliza como forma de organizar o processo de acolhimento. Temos dois grandes tipos de jovens atletas que integram as nossas equipas, os residentes e os não residentes, mas com todos fazemos um processo de acolhimento, de entrevistas e de conhecimento da família. Fazemos todo o acompanhamento da parte escolar, os residentes estudam ou nas escolas do Seixal, ou no Colégio Guadalupe e há que conhecer, muito antes do início da época, quais são os anos escolares, tratar das transferências, acompanhar todo esse processo de integração na área escolar, mas também na área social. No ano passado tivemos 88 residentes, uma família com 88 membros do agregado familiar, dos 13 aos 17 anos. Temos uma equipa multidisciplinar de psicólogos, assistentes sociais, professores que tornam este processo mais fácil. É um trabalho de grande minúcia e grande paciência.

Benfica Campus

Se tivesse de destacar um momento em que o Benfica Campus se tornou realmente num nome de referência mundial, qual seria?

São vários. Naturalmente que a atribuição do "Best Academy of the Year" duas vezes, em 2015 e 2019, é sempre um momento alto. Um momento onde somos notícia, um momento que também nos obriga a pensar na responsabilidade que isso significa. Outros dois momentos importantes são os da atribuição, ainda que individual, a dois jogadores, ao João Félix e ao Renato Sanches, do título de Golden Boy. Ou ainda aquilo que foi a primeira participação do Benfica na Youth League, que significou a primeira presença na final. Esses são talvez os momentos de natureza internacional mais importantes e que ficarão gravados na história do Benfica Campus.

Benfica Campus

A Seleção Nacional teve dez jogadores com formação no Benfica na última convocatória. É sinal de que esta academia voltou a tornar o Benfica no clube que dá mais frutos ao futebol?

O que fica do nosso trabalho são esses nomes [João Cancelo, João Félix, Gonçalo Guedes, André Gomes, Renato Sanches, Bernardo Silva, Nélson Semedo, Rúben Dias, Danilo Pereira e Mário Rui] e aqueles que no futuro puderem integrar essas convocatórias e que puderem fazer parte das equipas do Benfica. No fim da linha, a avaliação do nosso trabalho é feita com o produto, e o produto numa academia de futebol são os jogadores. Sem jogadores não há projetos de formação desportiva. O Benfica tem mostrado, ao longo dos últimos anos, que tem presença. Tem tido presença assídua e regular nas Seleções Nacionais nos últimos anos, e é esse caminho que temos de continuar a trilhar.

Benfica Campus

"TEMOS TENTADO PASSAR A MENSAGEM DE TRANSFORMAR DIFICULDADES EM OPORTUNIDADES"

Como tem sido o regresso ao trabalho presencial no Benfica Campus, tendo em conta que muitos dos jogadores mais jovens estão a treinar sem saberem quando voltam às competições?

Temos duas realidades diferentes. Temos as duas equipas que estão a trabalhar e estão em competição, a equipa B e os Sub-23, e todas as outras equipas, neste momento, não têm competição. A equipa Sub-19 pode treinar normalmente, com contacto, porque é uma equipa que participará na Youth League. Abaixo deste escalão, temos a esmagadora maioria dos nossos atletas, dos Sub-17 até ao polo dos Pupilos do Exército, e o que lhes temos dito, nomeadamente às equipas técnicas e aos pais, é que temos de ser capazes de transformar esta dificuldade numa oportunidade. Nenhum de nós consegue parar a pandemia, e nós temos de aproveitar esta oportunidade de centrarmos o trabalho no desenvolvimento individual dos jogadores, que muitas vezes não temos tempo para fazer. Neste momento, estes jogadores que estão a treinar não podem fazer jogos de futebol, eles treinam com uma distância de três metros e é difícil de imaginar a panóplia de exercícios que os treinadores têm de adaptar. Temos tentado, junto das equipas técnicas e dos jogadores, passar esta mensagem de transformar as dificuldades em oportunidades. É uma situação difícil, mas temos de ter paciência e resiliência.

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