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E PLURIBUS

Camisola Principal Benfica 24/25

Edição de sexta-feira, 13 de agosto 2024

"Continuar a escalar a montanha para chegar ao topo"


Foi apenas um "até já".

Em 2022, a ligação de Beatriz Cameirão ao Clube foi interrompida, pois o foco da atleta, que integrou a equipa feminina de futebol desde o arranque do projeto em 2018, passou a ter como prioridade a prossecução dos estudos superiores. Passados dois anos, a média está de volta ao Benfica.

Como adversária, no Damaiense, não deixou de acompanhar o consolidar do percurso das Inspiradoras, que em 2023/24 venceram todas as provas nacionais e chegaram aos quartos de final da Champions. Hoje, a futebolista de 23 anos diz-se mais experiente e preparada para dar o máximo pelo clube de coração.

Beatriz CameirãoComo se processou este regresso a casa?Honestamente, foi um regresso muito natural. Sinto que esta é a minha casa. Saí dois anos, mas senti que nunca saí totalmente. Quando voltei, foi um regresso natural. Parecia que me estava a integrar como se estivesse cá na época passada. Foi muito fácil. Já conhecia as jogadoras, e a equipa técnica não mudou, bem como o staff. Foi como se não tivesse saído. Senti que regressei de férias para o Benfica. Foi a minha sensação [risos].

Ou seja, não necessitou propriamente de adaptação?

Sim, conheço a casa, o que o Clube pede, a mística. Pertenço aqui, pertenço a esta família.

Em que aspetos considera que cresceu nestes últimos anos?

Cresci muito enquanto mulher e atleta, porque consegui consolidar coisas que, se calhar, não estavam tão bem consolidadas. Estive num projeto que exigia coisas diferentes daquilo que o Benfica me pedia. Consegui completar-me mais enquanto atleta, ao saber sofrer um bocadinho mais, saber estar na dificuldade, defender mais e não dominar o jogo. Cresci muito nesse sentido. Também fui capitã no Damaiense e, apesar de considerar-me uma líder, porque desde miúda que fui capitã nas equipas por onde passei, estimulei ainda mais esse sentido de liderança e de grupo. E enquanto mulher acabei por crescer, inevitavelmente.

Beatriz Cameirão"A aposta na formação também faz com que o Benfica cresça cada vez mais"Beatriz Cameirão

Conhece a casa, mas só nesta época terá rotinas diárias no Benfica Campus, algo que foi iniciado em 2023/24. Que diferenças notou?

É tudo mais fácil, está tudo centrado num só sítio, nesta que é a casa do Benfica. É muito mais fácil em termos de dinâmicas de equipa. Conseguimos ter reuniões no sítio onde vamos treinar, conseguimos ter um ginásio próximo. Quando não estávamos aqui, era tudo mais difícil, porque tínhamos viagens de autocarro e a burocracia era mais complexa. Aqui é o nosso local de trabalho e é aqui que fazemos tudo. Facilita muito a vida do staff e das jogadoras. É um prazer estar aqui. Qualquer atleta e jogador da formação adora estar neste campus, porque aqui temos todas as condições para vingarmos, querermos mais e nos desenvolvermos enquanto atletas.

Sente que, a esse nível, o Benfica está num patamar superior, ao proporcionar todas as condições necessárias?

Sem dúvida. Aqui só não trabalha e não cresce quem não quiser. Temos todas as ferramentas para sermos melhores e nos desenvolvermos. Temos tudo o que necessitamos.

Beatriz CameirãoEm 2023/24, o Benfica conseguiu o pleno nacional e atingiu os quartos de final na Liga dos Campeões. O que perspetiva para a nova temporada?A fasquia está muito alta. Temos mais responsabilidade e que­remos continuar assim. O Ben­fica exige que haja troféus, conquistas, que se batam recordes. Agora, é querer mais, e é uma responsabilidade positiva. Só tem essa responsabilidade quem está nesses patamares elevados.

Pela amostra da pré-temporada, estão preparadas para continuar na mesma bitola?

Sim, não há um baixar a guarda. Se estamos cá em cima, é para continuar cá em cima, sem desleixo. É continuar a escalar a montanha para chegar ao topo.

De fora, como viu a hegemonia interna do Benfica e a ascensão em termos europeus?

Acompanhei sempre o Benfica. É um projeto no qual apenas a continuidade do trabalho, e dos padrões e valores do Benfica, acaba por nos deixar mais próximos de lutar por todos os títulos. Como referi, não podemos baixar a guarda.

Beatriz Cameirão"Senti sempre muito carinho por parte dos Benfiquistas, e esse calor significa que sou da casa"Que quota-parte pode atribuir ao Benfica no desenvolvimento do futebol feminino nacional?

Realmente, o Benfica tem tido um papel extraordinário, tem dado muitos apoios. Termos vindo para o Benfica Campus foi mais uma pecinha a encaixar no puzzle do desenvolvimento da modalidade em Portugal. O Benfica aposta na modalidade e quer continuar a apostar. Fico bastante contente que assim seja, por ser o clube do meu coração. É notória a evolução, a subida no ranking da UEFA. E aconteceu em tão pouco tempo. É uma aposta com cabeça, tronco e membros. Faz todo o sentido, pois o Benfica é uma grande marca mundial. Isso tem ajudado para o crescimento do futebol feminino português, porque inevitavelmente, nas seleções, as jogadoras são do Clube e levam para a seleção a qualidade que têm, e, por inerência, aumentam a competitividade da própria seleção.

Passou pela formação do Benfica. Os títulos da equipa B, das Sub-19 e das Sub-17 são reflexo do bom trabalho desde cedo…

A aposta na formação também faz com que o Benfica cresça cada vez mais. Não é só formarmos uma equipa principal, é preciso jogadoras da formação, que desde novas já têm o padrão e a mística do Benfica. Quando chegam à equipa principal, já têm esses valores intrínsecos nelas. Esse processo é bastante importante para consolidar a modalidade ao longo dos anos.

É uma das contratações para 2024/25, mas o seu caso é peculiar, pois já conhecia a casa. Como tem sido a integração das outras caras novas? Também têm contado com o seu contributo?

Este grupo integra muito bem as jogadoras novas. Também tenho ajudado, e elas são cinco estrelas, são atletas trabalhadoras e estão cá para ajudar. Tem sido muito fácil a integração, em termos pessoais e profissionais dentro de campo.

Beatriz Cameirão"COMPETITIVIDADE PERMITE CRESCER"É uma média versátil. O que pode acrescentar ao meio-campo do Benfica?

Acima de tudo, independentemente do que possa dar individualmente, só quero ajudar ao máximo. Neste momento, considero-me uma média de muita chegada à área. Gosto muito de chegar à área, fazer assistências, marcar golos. Gosto muito de estar próxima da baliza adversária. Sou uma 8 que faz roturas, que vai para a área, faz cruzamentos e quer aparecer. Sou uma média que consegue fazer a componente defensiva, mas também tenho o sprint final para encostar na baliza. Posso dar ao Benfica essa chegada ao golo e à finalização.

Entre as atletas que reencontra, Andreia Faria e Pauleta, no meio-campo, onde atua, também estavam na equipa no 1.º ano. Como caracteriza a evolução das mesmas?

A Pauleta continua a ser um "animal" em campo. A Faria, igualmente, também tem estado bastante bem. Teve uma época bastante positiva em 2023/24. Reencontro-as, quero novamente aprender com elas, evoluir, tornar-me melhor jogadora e ajudar o coletivo.

Essa competitividade no meio-campo é estimulante?

Acaba por dar uma competitividade positiva e saudável, que nos vai fazer crescer individualmente. Sou mais uma para ajudar.

Com esse incremento de competitividade, pode estar mais perto da Seleção Nacional?

Honestamente, penso no dia a dia e estou muito focada no Clube. Dou primazia ao Clube. Se acontecer, acontecerá. Não tenho grandes planos nesse sentido, mas, sim, no Benfica.

De fora, continuou a sentir o carinho dos Benfiquistas?

Sim, os Benfiquistas enviavam-me mensagens e abordavam-me cada vez que me encontravam. Diziam sempre para voltar ao Benfica, que era a minha casa. Senti sempre muito carinho por parte dos Benfiquistas, e esse calor significa que sou da casa e significa que, apesar de ter saído, deixei uma marca no Benfica. E têm memória.

Tem havido cada vez mais adeptos a apoiar-vos.

É tão bonito o futebol feminino, e os Benfiquistas estão de parabéns, porque nos têm motivado e ajudado a desenvolver também a modalidade, com o crescimento das assistências nos estádios. De certa forma, motiva-nos e é um orgulho. Estou contente com os Benfiquistas. Por exemplo, assisti pela televisão ao jogo com o Lyon, em que estiveram mais de 19 mil pessoas no Estádio da Luz. Tem sido extraordinário.

Beatriz CameirãoA CURIOSIDADE DOS NÚMEROS: DO 35 DE SANCHES AO 6 DE ANDREIA FARIAEm 2018/19, Beatriz Cameirão envergou a camisola com o dorsal 35. E, sem saber, Renato Sanches teve peso na decisão. Ao contribuir para a conquista do 35.º título da equipa masculina, usou esse número na época seguinte no Bayern, em tributo às águias. "Engracei com o número e quis escolhê-lo. E também porque vinha da formação e só havia números mais altos disponíveis", explica, feliz com o regresso de Renato Sanches às águias. "Gosto muito dele, regressa a casa como eu, e é uma coincidência engraçada." Para 2024/25, a média utilizará o número 6. "Pertencia à Andreia Faria, e, como trocou [passou a envergar a camisa 10], disse para eu ficar com o 6. Cedi e tem alguma ligação à minha posição. Espero representar tão bem este número como ela o fez", sublinhou.

Beatriz CameirãoPSICOLÓGICO É FULCRAL: "SÓ HÁ MARGEM PARA PROGREDIR"O empate (4-4) entre Benfica e Barcelona na fase de grupos da pretérita Liga dos Campeões foi mais um exemplo da capacidade das encarnadas. "Foi lindo ver esse jogo. Se o Benfica se bate com o Barcelona, contra quem não se irá bater? O trabalho feito por direção, staff e jogadoras tem sido extraordinário. Fez-se tanto em tão pouco tempo, que só há margem para progredir", analisa Cameirão, relembrando a importância da preparação física e psicológica. "Foi tudo muito bem feito, porque o Benfica foi a equipa que mais jogos teve. Nesta época, é trabalhar um bocadinho mais, pois trabalhar o mesmo não será suficiente para sermos melhores", diz, convicta.

Para a jogadora alentejana, a parte psicológica, que o Benfica não descura, é fulcral: "Se psicologicamente estivermos bem, em campo nada nos irá parar. O Benfica acarreta pressão e responsabilidade saudável. Adoro essa pressão. Se estamos aqui, é porque merecemos, e é o nosso momento de lutar por este clube."

Beatriz CameirãoCONCILIAR O FUTEBOL COM OS GÉMEOS BEBÉSLicenciada em Desporto, Beatriz Cameirão vive o futebol profissional a 100 por cento, embora nos recorde que tem dois filhos pequeninos. Não se queixa, concilia as tarefas profissionais e a vida pessoal na perfeição, e até solta uma gargalhada ao falar dos dois gémeos. "Queria que fossem mais crescidos, mas só têm 5 meses", diz. Também por esse motivo, não pôde deslocar-se ao Estádio da Luz, aquando do Benfica-Lyon, da 1.ª mão dos quartos de final da Champions. No entanto, sabe o que é jogar na Catedral. Fê-lo em maio de 2022, quando o Benfica venceu o Sporting por 3-1 e selou o bicampeonato. "Espero que se proporcione voltar a jogar na Luz e que se batam recordes de assistência", deseja.

Artigo publicado na edição de 16 de agosto do jornal O Benfica


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