"Vai ser um grande jogo de futebol"

 

Foi uma mensagem de confiança e de ambição a que Bruno Lage passou na conferência de Imprensa de antevisão do jogo das 20h00 de quarta-feira, 5 de março, entre o Benfica e o Barcelona, da 1.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, reforçando que o objetivo passa por vencer no Estádio da Luz.

Em declarações à BTV e à Sport TV, antes da conferência de Imprensa realizada no Benfica Campus, o treinador dos encarnados perspetivou um "grande jogo de futebol" entre duas equipas a viver "um bom momento", revelando que a estratégia montada para o clássico ibérico alimenta a ambição de oferecer uma "noite europeia à Benfica" aos adeptos que vão acorrer à Catedral.

"Temos uma estratégia muito bem definida, os jogadores já conhecem a nossa forma de jogar e entendem o que têm de fazer amanhã [quarta-feira]. O trabalho que fizemos durante a semana faz-nos acreditar que podemos vencer o jogo e seguir em frente na eliminatória", sublinhou Bruno Lage.

Revelando que Renato Sanches fará parte da convocatória, mas que Florentino e Di María estão fora do embate, o treinador reforçou a importância da recuperação numa semana "limpa" para treinar e, confrontado com o 4-5 entre as duas equipas na fase de liga, salientou a importância de "valorizar o que o Benfica fez de positivo" nesse jogo.

A abordagem que preparou para este jogo acaba por ser diferente daquela da fase de liga da Liga dos Campeões por se tratar de uma eliminatória a duas mãos? A abordagem é semelhante, a estratégia de amanhã [quarta-feira] é tentar colocar em prática aquela que sentimos que é a melhor para o jogo. Sabemos que vamos defrontar uma grande equipa, que tem um ataque com muitos golos, mas também olhámos para aquilo que de positivo fizemos contra o nosso adversário. Para os golos que marcámos, para as oportunidades que criámos, para as várias vezes em que colocámos jogadores nossos isolados perante o guarda-redes. Olhar para isso tudo, e, como tal, acreditamos que podemos seguir em frente na eliminatória.

O Barcelona apresenta uma estratégia muito peculiar e muito pouco vista em Portugal e para os clubes portugueses, com uma linha defensiva muito subida e muitas vezes no meio-campo a tentar impedir o espaço para construir, mas, ao mesmo tempo, deixando muito espaço nas costas para explorar. Pergunto-lhe: quais é que são os desafios que esta abordagem do Barcelona cria na preparação estratégica do jogo? E, de um ponto de vista mais genérico, sem descortinar a estratégia do Benfica para o jogo, qual é que poderá ser a importância dos médios e dos laterais do Benfica, uma vez que, projetando-se de trás para a frente, não ficarão nunca em fora de jogo?

É isso mesmo que você acabou de referir. Nós olhámos para o nosso adversário e depois tentar procurar os espaços que nos oferecem. Não vou, por muita vontade que tenha de falar consigo sobre a sua questão e aprofundá-la, não o vou fazer. Eventualmente a seguir ao jogo podemos falar um bocadinho mais sobre isso. Mas é a cada momento, a sua pergunta é muito interessante, mas a cada momento nós, enquanto treinadores, principalmente no momento ofensivo, percebermos quais são os espaços que nos oferecem e como podemos tirar partido desses espaços, que tipo de movimentos é que podemos fazer, com quantos homens é que os podemos fazer. É uma pergunta muito interessante e que nós, antes de responder aqui neste momento, teremos de responder dentro do campo.

"Sabemos que vamos defrontar uma grande equipa, que tem um ataque com muitos golos, mas também olhámos para aquilo que de positivo fizemos contra o nosso adversário" Bruno Lage

Imaginemos este cenário: o Benfica-Barcelona de amanhã está empatado no último minuto do tempo de compensação, e o Benfica tem um canto a favor. O que é que vai pedir aos jogadores, nesse cenário?

Estamos empatados? Vamos tentar ganhar o jogo.

Conhece bem um jogador, Nélson Semedo, que jogou no Benfica e no Barcelona. Pergunto: pensa que ele amanhã vai torcer pelo Benfica, ou pelo Barcelona? E também se seria um bom reforço para o Benfica. E, pelo que aconteceu no primeiro jogo, quem é o favorito para amanhã?

A questão do favorito, ou não, não é interessante para nós, aquilo que é interessante para nós é que nós acreditamos que podemos seguir em frente. Sobre o Nélson, acredito que neste momento ele vai torcer é pelo Wolverhampton. E sobre a possibilidade de ele ser reforço, ou não, isso é a próxima época. E neste momento aquilo que está no meu foco é aquilo que podemos fazer amanhã e perceber muito bem aquilo que vamos fazer até final da época. Estamos neste momento nos oitavos de final da Liga dos Campeões, nas meias-finais da Taça de Portugal, dependemos de nós para vencer a Liga. Já conquistámos um título, e o nosso foco está em tentar conquistar mais títulos até final desta época.

Para si, é imprescindível ganhar amanhã [quarta-feira] para poder seguir em frente?

Não, porque acredito que a eliminatória vai ser disputada. O resultado de amanhã é importante, mas decisivo vai ser o resultado da 2.ª mão.

Pode dar-nos informações sobre Di María e Florentino?

Di Maria e Florentino não estão disponíveis para o jogo.

Renato Sanches está na convocatória?

Está na convocatória. E aproveito, já agora, porque não passámos informação, para dizer que não há qualquer tipo de problema com o Bruma. Só que, como ele não está disponível para o jogo, e à semelhança do que fez no jogo anterior [da Liga dos Campeões], treinou com a equipa B.

"Dizia muito, há quatro anos, e vou dizer hoje pela primeira vez, é treino a treino, jogo a jogo, preparados para vencer" O Benfica está, obviamente, a pensar na Liga dos Campeões e não jogou neste fim de semana para o Campeonato. Ontem [segunda-feira], o Sporting jogou, ganhou, Gyökeres parece começar a voltar a um bom momento, e o Sporting ganhou, de certa forma, uma vantagem, porque fica com um jogo a mais. Como é que geriu isso tudo? Foi vendo o jogo de ontem [segunda-feira]? Preocupou-se com isso, ou manteve só o foco na Liga dos Campeões?

Só o foco naquilo que vamos fazendo. Temos este compromisso com o jogo de amanhã [quarta-feira]. Depois do jogo de amanhã, temos o jogo do Campeonato [Nacional], e caso a sua pergunta com a outra pergunta, um jogo de 4-4, temos um canto, o que vamos tentar fazer? Vamos tentar ganhar. Porque só assim é que se conseguem sequências de resultados boas. É isso que nós temos de fazer até ao final da época. Por isso, aquilo em que temos de estar focados é no que vamos fazer nos próximos dois meses. E já há muito tempo... dizia muito, há quatro anos, e vou dizer hoje pela primeira vez, é treino a treino, jogo a jogo, preparados para vencer. Porque só assim é que podemos conquistar sequências de vitórias e conquistar títulos.

Hansi Flick tem insistido muito na questão do cansaço, do desgaste físico e de o Benfica ter tido mais tempo para descansar desta vez. A verdade é que, fazendo as contas e olhando para o calendário para desde que começou o ano de 2025, tanto o Barcelona como o Benfica tiveram 15 jogos disputados. Queria perguntar-lhe se entende as queixas de Hansi Flick, ou se acha que as equipas chegam a esta fase em pé de igualdade.

Concordo se olharmos para a questão de uma forma global, porque há coisas muito mais importantes para discutir do que propriamente nós não termos jogado ou não. Há, sim, coisas que temos de discutir, em função, e pensarmos nessa questão, sobre a quantidade de jogos e o intervalo de tempo entre os jogos. Entre o nosso jogo de amanhã e o próximo jogo de Campeonato, nem as 72 horas nós vamos ter. Essas são questões muito mais importantes do que propriamente pensar se algum adversário não jogou ou não.

"São duas equipas que gostam de atacar, que têm olhos no ataque, e isso foi provado com os golos e as oportunidades que ambas as equipas criaram no jogo [da fase de liga da Liga dos Campeões]" No jogo de há umas semanas houve muitos golos, um resultado de 4-5. Pensa que haverá o mesmo número de golos neste, ou um número inferior? E, para o Benfica ter mais possibilidades de passar, gostaria de ter um resultado mais apertado?

Não consigo perspetivar quantos golos vão acontecer no jogo. O que consigo perspetivar é que acho que vai ser um grande jogo de futebol, porque são duas equipas que gostam de atacar, que têm olhos no ataque, e isso foi provado com os golos e com as oportunidades que ambas as equipas criaram no jogo [da fase de liga da Liga dos Campeões]. E, como lhe disse, acho que o jogo decisivo não é amanhã, vai ser o jogo da 2.ª mão.

Trubin parou por dois jogos, jogando Samuel Soares. Trubin vai regressar neste jogo do Barcelona, como é que espera que se apresente o seu guarda-redes?

No melhor, porque teve a oportunidade de descansar, treinar e tem treinado muito bem, tem feito boas exibições pelo Benfica. Todos nós temos momentos em que precisamos de descansar, para treinar, para jogar. Nós temos feito isso praticamente com todos os jogadores. Ainda não tínhamos feito com o Trubin e aproveitámos agora, até mesmo porque o Samu tem feito um trabalho fantástico. A prova do trabalho que ele tem feito invisível no treino é porque fez dois jogos muito bons e também não permite o Trubin estar descansado e seguro, porque tem ali um concorrente à altura. Quer o Samu, quer também o André [Gomes], que é um jovem valor, que tem feito um trabalho muito interessante na equipa B.

"Mais importante é a equipa funcionar como coletivo, só assim é que podemos, depois, dizer que determinado jogador fez uma boa exibição" Florentino foi uma peça muito importante no primeiro jogo com o Barcelona neste ano. Como é que vai garantir a mesma estabilidade no meio-campo do Benfica, desta vez sem poder contar com Florentino?

Contamos com outro jogador, não vou dizer quem. Mais importante é a equipa funcionar como coletivo, só assim é que podemos, depois, dizer que determinado jogador fez uma boa exibição, porque funcionou em equipa. É isso que eu pretendo, que a equipa amanhã funcione em equipa.

Schjelderup não jogou tantas vezes no início da época, e agora é um jogador importante para a equipa. Como é que ele está a lidar com estes diferentes cenários? E o que será importante para ele no futuro?

O Andreas [Schjelderup] tem trabalhado muito bem, tem tido uma evolução muito boa. Como já expliquei várias vezes, na nossa chegada, em setembro, não tínhamos muita margem daquilo que eram as nossas competições, e jogaram mais vezes os jogadores que, no imediato, interpretaram melhor as nossas ideias. Mas nunca deixámos ninguém de lado. Ele tem feito um trabalho fantástico, é muito interessante a sua evolução, e agora é tudo uma questão de oportunidade. Acho que, neste momento, temos um plantel que, em determinadas posições, está equilibrado, e o Andreas tem de competir diariamente por um lugar no onze para ganhar minutos. Estamos muito satisfeitos com ele.